Essa da história do Bala

Essa da história do Bala
O Valério na Austrália contar,
Foi dito, vê-se quem fala
Senão o poeta d'apostar.
Não se fez rogado, no mínimo,
Vai logo d'imitar o Higino.

É que em apostar é rei,
Ganhava-as em demasia,
Esse que tinha sua lei
Em cada teima que fazia.
Dava conta dos colegas
Se quisessem refregas.

Como ele se tem em favores
De na alta ser acompanhado,
Por alguns grandes senhores
Deste mundo infernizado,
Não se sente bem, com certeza
Rodeado da plebe à mesa.

Eu, que de moço de recados,
Tenho muito pouca feição,
Que faria naqueles sobados
Se não é minha a lição?
Daria com os burros na água...
Deitá-se-me logo à frágua...

É qu'isto d'imitar grã fino,
Não é fácil, nem p'ra qualquer um.
É necessário o desatino
De aos outros não ligar nenhum.
Mesmo que venham compostos
E à bajulação dispostos.

Sendo assim, renúncio,
A tão alta incumbência.
Não me vejo, nem confio
Na minha sapiciência...
Com dignitários mundiais?
Eu, que só me conheço d'arraiais?


11-03-2005

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