Vamos lá em pratos limpos
pôr da minha caldeirada,
uma peixeirada bem simples
mais ou menos temperada.
Tamboril, de caro é desgosto,
Corvina também acho.
O Cherne é bom de tacho,
já a Raia vai a gosto.
Ruivo em demasia,
Pata Roxa um bocado,
Sardinha é gosto dado,
Safio, quem diria.
Pouca Fataça ou Taínha,
Enguias, Lulas e Cação,
O Cantaril convinha
Ao Salmonete dar a mão.
Uns nacos de Rodovalho,
Tremelga e Xarroco,
Sargo quem lhe valha
e do fénico Besugo, pouco.
Nalgumas mais exigentes,
o Peixe Aranha sentes,
o Ruivo não o deixas,
junta-o às Ameijoas.
Acamados com batatas
cebolas, alhos e pimentos,
um ramo de cheiros atas,
azeite e bons pensamentos.
Lá, p'ró final da cozedura,
refinando a gostosura,
junto Conquilhas e Berbigões
ao gosto dos grandes glutões.
Sal, pouco, já se sabe,
vinho branco, bem regada,
de modo a que não acabe
e fique bem perfumada.
Com tão diferentes paladares
o prato é confeccionado.
De todos os peixes, sem te dares,
nobres ou não, ficas agradado.
Separados, poucos se comeriam,
alguns até enjoariam,
porém, em conjunto cozinhados,
são excepcionais aos palatos.
Digo, com esta alegoria,
que não sendo todos "sabedores"
nem de alta estirpe "nascedia"
sendo educados, são Senhores.
............................
Vou sentindo-me grato
de por aqui andar,
comendo do mesmo prato
dos grandes a poetar.
Género canhangúlo
de carregar pela boca,
ainda fico secúlo,
produzindo coisa pouca.
21-03-2005
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