Não sei que sentimentos
experimento ao recordar
aqueles teus lamentos,
eram ou não de amar?
Há quem fale em flores,
margaridas ou rosas,
dizendo de seus odores
compondo belas glosas.
Há quem fale no luar,
na brisa, nos oceanos,
na imensidão do amar
se em paixão estamos.
Há até quem prefira,
cantando de sua dor,
uma paixão que o fira
dizendo que tal é amor.
Há mesmo quem tem
e vive em tormentos
de por amor a alguém
se saber os sentimentos.
Há os que gostam de iguais
que romperam preconceitos,
estigmatizados pelos tais
que de amor não são feitos.
Há os que dizem não o fazer,
em opção que tomaram
fazendo-nos crer
que em carnal não amaram.
Há quem nos filosofe
entre o querer e o poder,
serem dores de quem sofre
não ver o acontecer...
Há quem árias cante
em belos sustenidos,
sua paixão encante
e não ouça gemidos.
Há quem se amordaça,
se entregue, sózinho,
por amor tudo faça
mesmo sem carinho.
Há até quem não ame,
seja amargurado,
ou porque lhe chame
ser isso um enfado.
Há quem nas estrelas,
vendo o firmamento,
tem d'amor e penas
a luz do seu lamento.
Há inda quem não saiba
que ao sermos amantes,
na relação não caiba
actos degradantes.
Há quem se comprás
ao outro enfernizar,
em fazendo a paz
encontrar outro amar.
Há quem se torne afónico
gritando desejar e amar,
perdendo-se num platónico
amar desejar sublimar.
Há quem tanta coisa
que de todo desconheça
que dalgumas é coisa
não acredito q'aconteça.
Há das que não sei existir,
presumo, corpos suados,
bizarras formas de vir...
Sentir-se-ão amados?
Há tantas e diversas
formas de nos amarmos,
eivadas de promessas
de não nos separarmos.
Há quem ame fingindo
e quem finja amando,
quem da sorte fugindo
por aí vai em desmando.
Há sempre preocupação
de jurar fidelidade,
transfigurando a emoção
de ser com seriedade.
Há quem glorifica o amor,
indistinto d'outros se acerca,
procurando que o Senhor
o alente, não o perca.
09-04-2005
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